terça-feira, 6 de outubro de 2009

Hoje um trem te levou pra longe
daquela mesma praça onde ontem
a loucura se misturou com minhas fantasias.
(Pra disfarçar, tomei um sorvete,
dei umas risadas, sem graça, fui embora)

hoje te deixei escapar,
escorregando pelas mãos.
Um abraço que se desmanchou
querendo ficar.
Quis te segurar, não te deixar ir...


tu me deixaste escapar também
e a noite te engoliu.
te levou o trem,
pelas entranhas da terra.

Fiquei só, com meu desejo



- * -


escrevo poemas
e queria que fossem pássaros,
pra que no momento mesmo em que os faço
eles pudessem chegar em tuas mãos.

Que eles chegassem em bandos,
em revoada,
fazendo alarido
como as andorinhas de Macapá

Uma chuva de pássaros-poemas
Pousando suavemente
Ao teu redor

Minhas palavras sussurradas
Aos quatro ventos,
Desejos desfraldados
Como bandeirolas nos mastros da praça


Assim enredado nessa trama
de sonhos e desejos
Tu dormirias enroscado,
Acordando tu também enamorado,
Sem nada compreender,
no meio de coloridas bandeirinhas
que se tornariam pássaros
Abrindo a manhã
Tecida com minhas palavras


- * -

Agora é tarde!
Acordarás amanhã com meu poema!

Gravado numa fria caixa postal,
Terá passado a noite
como nas areias de um deserto.
Ao ouvi-lo,
Talvez te assustes.

e te surpreendas com minha ousadia.
É que meu peito não tem jeito pra ser gaiola
(Não suporto poema enjaulado).
apague correndo a mensagem
pra que ele voe
e seja como a sensação da lembrança de um arco íris depois da chuva.
Tome um banho e não lembre mais de nada!

Maio de 2002

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