terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dia a dia

Com o ferro quente nas mãos
aliso as marcas de tuas mentiras
na seda do dia a dia

Vou passando a limpo os desencontros,
tirando rugas que, inevitáveis,
tornarão a aparecer depois da próxima lavada

O aspirador engole meus gritos
 junto com as migalhas do que sempre resta

O longo duto da lixeira
 leva em suas entranhas  o que sobrou, azedo.

A máquina de lavar chacoalha idéias fixas

Na geladeira congelo ilusões

E no fogão a alquimia se restaura,
temperada com o sal das lágrimas
 e a doçura dos olhares que te lancei

A faina que me desgasta, dia após dia,
Não  rouba de mim a menina que nunca deixei de ser.

Amor rebelde que a cangalha cotidiana não dilacera,
Fêmea ardente  que a louça suja não encobre
E o sonho...
O sonho...

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